terça-feira, 10 de maio de 2011

NO FRIGIR DOS OVOS

Caros Amigos e Principalmente Discípulos.
 
A paródia abaixo, genial, é corriqueira nas propostas de dissertação e teses de muitos empolgados alunos, e também presente em animadas discussões em rodas de professores sobre as propriedades tangíveis do vácuo. Coisas comuns em países em que a escrita e o conhecimento não são valorizados. Uma metade de seus habitantes não sabe escrever e outra metade não gosta ou não sabe ler. E isto resulta no pouco valor que se dá a quem se presta a essas lides.  Agora que você (aluno) está no centro do furacão e “sob prazer” se vê obrigado a produzir artigos e elaborar um trabalho acadêmico escrito de muitas páginas vai entender claramente a “facilidade”  de produzir e se expor por escrito uma base lógica de argumentação fundamentada que satisfaça, troianos, gregos, orientadores, bancas, referees, editores, a academia, a CAPES, o CNPq, o bispo, a esposa, os filhos, a sogra, a vizinha, e a PqP, ... , tudo isso sem macular o vernáculo. Todos devem ler a sua obra e entender aquilo que estava “muito claro” na sua cabeça.  Veja que moleza é fazer isso, portanto, fique feliz com a missão !
Braços. Oduvaldo
  
Pergunta:

Alguém sabe me explicar, num português claro e direto,  sem figuras de linguagem, o que quer dizer a expressão  "no frigir dos ovos"?
 
Resposta: 

Quando comecei, pensava que escrever sobre comida  seria sopa no mel, mamão com açúcar. Só que depois de  um certo tempo dá crepe, você percebe que comeu gato por lebre e acaba ficando com uma batata quente nas mãos.

Como rapadura é  doce, mas não é mole, nem sempre você tem idéias e pra descascar esse abacaxi  só metendo a mão na massa.  E não adianta chorar as pitangas ou, simplesmente, mandar tudo às favas. Já que é pelo estômago
que se conquista o leitor, o negócio é ir comendo o  mingau pelas beiradas, cozinhando em banho-maria, porque é de grão em grão que a galinha enche o papo.  Contudo é preciso tomar cuidado para não azedar, passar do ponto, encher linguiça demais. Além disso, deve-se ter consciência de que é necessário comer o pão que o diabo amassou para vender o seu peixe. Afinal não se faz  uma boa omelete sem antes quebrar os ovos.
Há quem pense que escrever é como tirar doce da boca de criança e vai com  muita sede ao pote.  Mas como o apressado come cru, essa gente acaba falando muita abobrinha,  são escritores de meia tigela, trocam alhos por bugalhos e confundem  Carolina de Sá Leitão com caçarolinha de assar leitão.  Há também aqueles que são arroz de festa, com a faca e o queijo na s mãos, eles se perdem em devaneios (piram na batatinha, viajam na maionese... etc.). Achando que beleza não põe à mesa, pisam no tomate, enfiam o pé na jaca, e no fim quem paga o pato é o leitor que sai com cara de quem comeu e não gostou.  O importante é não cuspir no prato em que se come, pois quem lê não é tudo  farinha do mesmo saco. Diversificar é a melhor receita para engrossar o caldo e oferecer um texto de se comer com os olhos, literalmente.  Por outro lado, se você tiver os olhos maiores que a barriga, o negócio desanda e vira um verdadeiro angu de caroço. Aí, não adianta chorar sobre o leite derramado porque ninguém vai colocar uma azeitona na sua empadinha, não. O pepino é só seu, e o máximo que você vai ganhar é uma banana, afinal  pimenta nos olhos dos outros é refresco...  A carne é fraca, eu sei. Às vezes dá vontade de largar tudo e ir plantar  batatas. Mas que m não arrisca não petisca, e depois quando se junta a fome com a vontade de comer as coisas mudam da água pro vinho.  Se embananar, de vez em quando, é normal, o importante é não desistir  mesmo quando o caldo entornar. Puxe a brasa pra sua sardinha, que no frigir  dos ovos a conversa chega na cozinha e fica de se comer rezando. Daí, com água na boca, é só saborear, porque o que não mata engorda.


Entendeu agora o que significa "no frigir dos ovos"?
Autor: Guaraci Neves

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